"Chega-me um rolo de papel higiénico sff"

Sempre tive bastante abertura com os meus pais. Nunca tivemos pudores e sempre falámos da sexualidade, por exemplo, de forma muito natural. Normalmente, sendo rapariga sempre ouvi amigas a confidenciar-me que nunca o pai (e até mesmo a mãe) as via nuas, que quando iam ao quarto de banho trancavam sempre a porta a sete chaves (eu não tranco, encosto) ou mesmo quando se vestiam ou despiam no quarto a porta tinha de estar fechada (encostada outra vez).

Eu compreendo e respeito que queiram ter alguma privacidade, que os pais sempre as habituaram assim ou, simplesmente, não se sentem bem, por vergonha ou desconforto. Cada um é como é e, não estou a criticar minimamente, só constato um facto. Sinto é que a nossa familia (eu, pai e mãe) tem um à vontade que considero saudável.

Sou das raparigas que até aos meus 14 anos (altura em que perdi o meu pai) ainda tomava banho com o meu pai, sem qualquer tipo de constrangimento ou problema. Ele entrava na casa de banho se eu lá estivesse ou vice-versa seja para lavar os dentes, pentear o cabelo (não que ele tivesse muito) ou me dar um beijo na testa enquanto estava no duche, porque ia trabalhar: "Filhota, vou sair agora, tem um bom dia. Juízo." ou quando eu mandava um berro a dizer que não tinha toalha para me limpar. Ou o famoso: "Chega-me um rolo de papel higiénico sff" LOL Estes são alguns dos exemplos entre tantos outros.

Nunca nenhum de nós ficava a porta à espera e a resmungar, do género: "Ainda vais demorar muito?", "Abre a porta, anda lá!" a não ser que dois de tivessem a intenção de fazer exactamente as mesmas coisas LOL

Mas vou admitir que quando tinha as minhas semanas em que o Benfica jogava em casa, não o partilhava com nínguem. Falo, essencialmente, de uma abertura em relação ao nosso corpo, da forma como olhamos para ele e como os outros nos olham.

Não eramos tolinhos ao ponto de andar a fazer nudismo pela casa a torto e a direito mas, quando calhava de acontecer, não ficamos constrangidos, era posso mesmo dizer banal.

Seremos assim tão diferentes...? E depois? Até me parece saudável...

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