Altos e Baixos
Quero voar mesmo não tendo asas.
Caio, foge-me o tempo e não me levanto.
Quero planar e sentir o frio cortante da brisa.
Escorrego e fico num sítio difícil de sair.
Não paro e escuto, Olho e finjo que não entendi.
Uma teia tão bem tecida e brilhante que tanto me deslumbra como me emaranha cada vez mais.
É um caminho sem saída.
Fica aqui e espera por mim, não partas que ainda o dia mal começou.
Mas não aguardes até ao anoitecer pois já me recolhi.
A eternidade é ficção dentro da dura realidade dos dias.
Não faças um pacto com ela, vem sentar-te ao meu lado.
A solidão sussurra pela janela que me quer prender, quer-me cativa num pranto sem fim.
Não ligues, vem ao meu encontro e desliga-te do mundo.
Encosta a tua cabeça no meu ombro e conduz-me nesse teu sonho.
Que ninguém me acorde e perturbe esta sublime harmonia. É só minha. É só tua. É nossa.
Passas-me a mão pelos cabelos. Curtos como a esperança, fracos como os homens e poucos como as virtudes.
A auto-estima destrói-se.
Cheiras-me a pele como se fosse a primeira vez.
Descobres como se arrepia, vês como te deseja.
Então, momentaneamente não reflectes.
Ficas seguro que hoje, mesmo que seja só por hoje, serei a mulher da tua vida.
18 Junho '08