O Manel e a Maria

Era uma vez um Manel que já conduzia hà 4 anos e a Maria era aquela típica mulher que vai a travar com os pés no lugar do morto, que avisa que há um stop a 1 kilómetro de distância, vê uma passadeira onde mais ninguêm vê, conhece as ruas da cidade melhor que um taxista de 70 anos e, mesmo calada, nunca vai relaxada, anda sempre a dizer que tá um tempo frio pois o Manel, no ver dela, não cumpre as distâncias de segurança... Enfim, nunca cumpre com nada.

O mais interessante desta história é quando vos confidencio baixinho: "A Maria não tem a carta nem a quer tirar". Não que não tenha tentado, simplesmente, diz que os transportes públicos são a sua alegria de viver! A sério? Pena que não vai ao Lidl fazer as compras do mês a pé e a pedir, não vai apanhar o comboio com as malas de viagem sem chamar um táxi (o novo transporte público de topo) ou pedir boleia aos amigos.

Acho que quando algo de grave realmente acontecer se vai recusar a ir de carro para o hospital porque é uma ambulância e não um transporte público. Quiçá se fosse o Manel a puder engravidar, quando lhe rebentassem as àguas e calhasse de estarem em casa, a Maria não teria mãos a medir e dizia "Puxa-o pa dentro que ainda tens de esperar 20 minutos pelo 200, fazer transbordo pó metro até ao S.João e, como não temos passe, ainda tenho de ir comprar o andante e validá-lo (que picar a senha é do passado)". Porra pá, mas que merdices! Já chega não? Já CHE-GA!

Mas nisto, a Maria lembra-se, passados 4 anos, que afinal o Manel era um assassino rodoviário em série, que nunca tinha sido apanhado pelas brigadas STOP. Mas há mais, passava a vida a soprar ao balão e as multas de velocidade, de mau estacionamento eram o pão nosso de cada dia (isto porque há grandes padeiros neste país! Se os há!), Não se deixem impressionar, eram sempre daquelas multas todas muuuuito graves, ui gravíssimas! (de se lhe tirar a carta, como quem queria dizer de se lhe tirar o chapéu).

Conclusão: era um perigo para a humanidade, este Manel, sobre rodas e, para ele próprio. Não o fodam! Valha-me Deus, mas por favor!

Ela não estaria a pensar nele, na sua segurança, no seu bem-estar como bem lhe convém justificar mas, sim, única e exclusivamente, na sua maneira de ver a condução e, principalmente, na maneira que exige (Exige, pois o carro é todo dela, é quem paga as prestações!) que o pobre do Manel conduza! "Mas quem é que tirou a carta aqui carailho?" solta o Manel. Pf... alguém que me explique como é que é possível este Manel ainda estar bom da cabeça se cada saída à rua é um circo?"Mas quem é que tem o poder de te tirar a merda das chaves?" remata a Maria. "Sou eu, que sou tua esposa!".

O Manel começa a andar de transportes públicos, a pé. A Maria tinha-lhe tirado aquilo que mais alegria lhe dava neste momento complicado que está a passar e, continua, orgulhosamente, a fazer chatagem com ele: "Enquanto não cumprires rigorosamente o código da estrada, não há nada para ninguém!" Falam o essencial, mas não convivem, como dantes. Chamemos-lhe sobreviver. O Manel segue com a sua vida e, estranhamente, a situação começa a passar de uma enorme revolta para um "Tasse bem, filhota!".

Certo dia, a Maria decide partir para o Hawai. O Manel, inicialmente, era para ir mas, acha que umas férias sozinhos lhes farão bem aos dois e fica por Portugal, com os seus botões. Mas não fica muito tempo sozinho, passa uns dias com uns amigos e eis que regressa a casa. Chove torrencialmente e não lhe apetece cozinhar, a chave do carro está à mão, então liga o Bolinhas e põe-se a caminho da churrascaria. Mas como as saudades já eram muitas decide também ir até à beira mar e ao shopping para distrair. Soube-lhe bem, mas o prazer seria momentâneo. Depressa regressa a casa e continua com a sua vida.

Entretanto quando a Maria regressa, o Manel calha de não estar em casa nessa altura, tinha ido segurar a mão e dar uma força à tia já velhota no hospital. O estado da titi agrava-se e o Manel tem de ficar por mais tempo sem voltar para sua casa. A Maria não tem mãos a medir e telefoma ao Manel: "Olha lá, pegaste no carro?" e este responde: "Estive lá dentro sim." e ouve: "Olha então como me explicas que antes de ir pó Hawai estava a marcar X kilometros e agora marque X+Y? E pouco mais tarde desliga o telefone na cara do marido. O Manel nunca gostou de Matemática e naquela altura pensou porquê que tinha de voltar a repetir os exames nacionais tão inesperadamente, se já os tinha feito e mais que feito... A verdade é que ele perdeu toda a razão infelizmente mas, digam-me lá se no fundo a Maria também não estava danadinha de apanhar o primeiro deslize (dá vontade de ficar sem palavras...).

Seguidamente o Manel anda pelos corredores do Hospital e decide mandar-lhe uma mensagem a dizer: "Perdi toda a razão, infelizmente. Não deveria ter pegado no carro naquele dia. Esta situação só nos está a magoar e a afastar e, por isso, te digo que não vou voltar a conduzir. Lamento ter que chegar a este ponto." A Maria caga de alto. Liga mais tarde a perguntar pela titi ao marido. Este explica-lhe tudo direitinho como lhe dizem os médicos e, no final, pergunta-lhe se viu a mensagem. Ela responde com duas pedras na mão e justifica-se com a sua ida no autocarro para não se pronunciar. O Manel não quer esperar mais e insiste pois não é quando a Maria quer e bem lhe apetece que se fala. Discutem e discutem e discutem e a Maria volta a desligar-lhe o telemóvel na cara. O Manel fica podre. E não atende mais o telemóvel à Maria. Amanhã é dia de visitar a titi.

2 Responses
  1. Menina Says:

    Os teus fimes pah xD ainda bem que não sou a única com filmes do c*ralho! lool

    beijo*


  2. Post-It Says:

    Menina: Ai a minha bidaaaaa! O que vale é k já tenho as chaves FINALLY dass! =D Zrum zrum LOL*